ESTILÍSTICA
NOTAS DE AULA (16/09/2010)
· Disciplina voltada para os fenômenos da linguagem, tendo como objeto de estudo o estilo;
· O estilo pode ser considerado por diferentes pontos de vista:
o Como desvio da norma
o Como elaboração
o Como conotação
o Como adição
o Como escolha
o Como características individuais
o Como características coletivas
o Como resultado de relações entre entidades linguísticas
· Alguns teóricos só consideram o estilo na língua literária;
o Estilo é:
o O que é peculiar numa fala (Damaso Alonso)
o Expectativa frustrada (Jakobson)
o Surpresa (Jakobson)
o A transcendência da linguagem do plano intelectual para carrear a emoção e a vontade (Mattoso Câmara)
· Aparecimento da Estilística: primeira metade do século XX
· Duas correntes: a estilística da língua e a estilística literária
· A estilística da língua:
o Os efeitos expressivos são considerados naturais e evocativos;
o Afasta-se da literatura;
o Distinção precisa entre conteúdo lingüístico e conteúdo estilístico
· A estilística literária:
o Parte da reflexão psicológica sobre os desvios da linguagem em relação ao uso comum;
o Criador: Leo Spitzer
o O estilo do escritor reflete o seu mundo interior a sua vivência
o Passos de seu método de análise:
§ Ler e reler o autor escolhido (princípio da valoração);
§ Encontrar um traço estilístico significativo;
§ Associar esse pormenor a outros, permitindo a apreensão do princípio criador através dos múltiplos aspectos da obra;
§ Encontrar a intenção do autor (é possível?)
§ Nexo entre estilo e sentimento
· Erich Auerbach: historiador da cultura, empreendeu uma obra considerada o mais profundo estudo sobre o estilo até hoje;
o Vincula estilo e ideologia, estilo e concepção da realidade
o Mimesis: seu objetivo é apreender os vários modos por que a experiência dos homens, histórica, social, moral e religiosa tem sido representada em formas literárias nas várias fases da cultura ocidental;
· Dâmaso Alonso: toda obra literária encerra um mistério e sua compreensão depende basicamente da intuição (criadora do autor e atualizadora do leitor);
o Três modos de compreender a obra: leitor comum, leitor crítico e abordagem científica;
o Como o poema se nos apresenta: sucessões temporais de sons vinculados a um conteúdo espiritual;
· Para Saussure o poema apresenta significante total e significante parcial.
AULA Nº 02
ESTILÍSTICA
DEFINIÇÃO
A Estilística estuda os processos de manipulação da linguagem que permitem a quem fala ou escreve sugerir conteúdos emotivos e intuitivos por meio das palavras. Além disso, estabelece princípios capazes de explicar as escolhas particulares feitas por indivíduos e grupos sociais no que se refere ao uso da língua.
TÓPICOS A SEREM ESTUDADOS
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Denotação e Conotação
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Figuras de Linguagem
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Sobre as Figuras de Linguagem / Classificação das Figuras de Linguagem / Figuras de Palavras I: Metáfora
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Figuras de Palavras II: Metonímia
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Figuras de Palavras III: Catacrese, Perífrase, Sinestesia
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Figuras de Pensamento I: Antítese, Paradoxo, Eufemismo
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Figuras de Pensamento II: Ironia, Hipérbole, Prosopopeia ou Personificação
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Figuras de Pensamento III: Apóstrofe, Gradação
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Figuras de Construção ou Sintáticas I: Elipse, Zeugma, Silepse
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Figuras de Construção ou Sintáticas II: Polissíndeto / Assíndeto, Pleonasmo, Anáfora, Anacoluto, Hipérbato / Inversão
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Figuras de Som: Aliteração, Assonância, Onomatopeia
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Vícios de Linguagem
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Vícios de Linguagem I: Pleonasmo Vicioso, Barbarismo, Solecismo
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Vícios de Linguagem II: Ambiguidade, Cacofonia, Eco, Hiato, Colisão
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Funções da Linguagem
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Funções da Linguagem I: Função Referencial ou Denotativa, Função Expressiva ou Emotiva, Função Apelativa ou Conativa
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Funções da Linguagem II: Função Poética, Função Fática, Função Metalinguística
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VARIAÇÃO ESTILÍSTICA: A variação das formas da linguagem sistemática e coerentemente. Uma nação apresenta diversos traços de identificação, e um deles é a língua. Esta pode variar de acordo com alguns fatores, tais como o tempo, o espaço, o nível cultural e a situação em que um indivíduo se manifesta verbalmente. Considera um mesmo indivíduo em diferentes circunstâncias de comunicação: se está em um ambiente familiar, profissional, o grau de intimidade, o tipo de assunto tratado e quem são os receptores. Sem levar em conta as graduações intermediárias, é possível identificar dois limites extremos de estilo: o informal, quando há um mínimo de reflexão do indivíduo sobre as normas lingüísticas, utilizado nas conversações imediatas do cotidiano; e o formal, em que o grau de reflexão é máximo, utilizado em conversações que não são do dia-a-dia e cujo conteúdo é mais elaborado e complexo. Não se deve confundir o estilo formal e informal com língua escrita e falada, pois os dois estilos ocorrem em ambas as formas de comunicação. As diferentes modalidades de variação lingüística não existem isoladamente, havendo um inter-relacionamento entre elas: uma variante geográfica pode ser vista como uma variante social, considerando-se a migração entre regiões do país. Observa-se que o meio rural, por ser menos influenciado pelas mudanças da sociedade, preserva variantes antigas. O conhecimento do padrão de prestígio pode ser fator de mobilidade social para um indivíduo pertencente a uma classe menos favorecida.
CAMACHO, R. (1988). A variação lingüística. In: Subsídios à proposta curricular de Língua Portuguesa para o 1º e 2º graus. Secretaria da Educação do Estado de São Paulo, p. 29-41.
NOTAS DE AULA Nº 03
ESTILÍSTICA
1. A ESTILÍSTICA E A RETÓRICA:
· A Retórica se ocupou da linguagem para fins persuasivos e artísticos;
· Por trás dos poemas homéricos há uma longa tradição do cultivo da linguagem;
· A Retórica, em Atenas, floresceu com os sofistas;
· Platão censura a Retórica pela possibilidade de uso de técnicas persuasivas para fins desonestos. Para ele, deve haver o primado da sabedoria e da verdade sobre a habilidade verbal;
· Aristóteles escreve A Retórica (339-338 a.C) discute, analisa e ordena todos os aspectos da arte do discurso;
· Até chegar a Bally, a crítica tradicional do Ocidente tomava A Retórica e A Poética como pilares;
· A Retórica é uma técnica de argumentação mais que uma ornamentação;
· Se o discurso não torna manifesto seu objeto, não cumpre a sua missão;
· O discurso deve ter ritmo, não metro, para se tornar um poema;
· Na Poética, Aristóteles trata da conceituação de poesia como imitação da realidade (mimese), dos gêneros poéticos e da elocução poética;
· Enfatiza o valor da metáfora;
· Não se detém na classificação pormenorizada das figuras de linguagem;
· O século XVIII (ROMANTISMO) – obsessão das nomenclaturas, da classificação pela classificação que fazia do texto literário um pretexto para identificação e denominação das figuras, com prejuízo da emoção e do prazer que deveria proporcionar;
· Anos 60 – revalorização da Retórica por Pierre Guiraud;
· A Retórica é a Estilística dos antigos;
· Autores como Barthes, Genette, Jean Cohen, C. Perelman retmoam o estudo da Retórica em obras importantes;
· O grupo de professores de Liege retomam os estudos da Retórica em nova base científica;
· J. Dubois e outros propõem-se a estudar a função retórica considerando que essa função implica alterações múltiplas da linguagem, denominando-as “metáboles”. Por metáboles entende-se todos os tipos de alterações de um aspecto qualquer da linguagem: alterações da expressão (significantes) e alterações de conteúdo (significados) a saber: metaplasmos e metataxes, metassememas e metalogismos;
· A descrição das metáboles se baseia em conceitos operatórios não muito precisos: grau zero, desvio, marca, redundância, autocorreção e invariante;
· O conjunto dessas operações, tanto as que se desenvolvem no produtor como as que tem lugar no consumidor, produz um efeito estético específico, que é o verdadeiro objeto da comunicação artística.
NOTAS DE AULA Nº 04
ESTILÍSTICA
CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES
1. NOÇÕES DE Retórica são encontradas em Estilística;
2. O campo de estudo da Estilística é mais amplo que o da Retórica;
3. Tanto na Estilística da língua quanto na Estilística literária há uma função representativa – referencial – e uma função expressiva que atinge sua intensidade máxima na língua literária;
4. Ainda não existe um método rigoroso que assegure a sua condição de ciência e nem seu objeto de estudo está satisfatoriamente delimitado;
5. Segundo Guiraud, “sem ser o objeto nem o fim único da análise estilística, os estudos dos valores expressivos e de seus efeitos é tarefa maior do estilólogo e o ponto de partida indispensável de toda a crítica do estilo.
6. OBSERVAÇÕES:
· Ante toda uma conceitologia de estilo há aquelas que vêm ratificar o conceito dado por Buffon, “o estilo é o homem”. o estilo é bem essa marca individual da experiência realçada por aspectos lingüísticos formais, psicológicos, psicanalíticos, históricos, sociológicos, literários. Por ser inerente ao homem, é, sobretudo, surpresa e expectativa frustrada, como quer Jakobson. Diante de sua obra o homem se surpreende ao perceber ter feito algo grandioso, como pode frustrar-se vendo seus objetivos desviados. No caso da obra literária, esses conceitos atingem também o leitor.
· Alguns pontos importantes dentro dos comentários feitos por Dâmaso Alonso merecem ser mencionados:
i. Sua teoria apresenta pontos em comum com a estética da recepção, no momento em que valoriza o leitor;
ii. Vê, como Barthes, a crítica como escritura;
iii. Trabalha com os eixos sintagmáticos e paradigmáticos em relação ao problema do significante/significado, divergindo de Saussure;
iv. Via a Retórica com caráter prescritivo e a Estilística com caráter descritivo;
v. Os valores estilísticos da expressão, quando expressivos, ligam-se a elementos inconscientes, quando impressivos, ligam-se a elementos intencionais e estéticos;
vi. Os efeitos naturais ligam-se ao pensamento; os evocativos, à situação;
NOTAS DE AULA Nº 05
1. PARA REFLEXÃO ESCRITA:
· Por que é tão difícil conceituar estilo e Estilística?
· Escolha uma definição de estilo e comente;
· A concepção de Charles Bally para os estudos da Estilística é redutora. Em que sentido? Comente:
· Estabeleça distinção entre Estilística da Língua e Estilística Literária, citando seus principais seguidores;
· Que relações podem ser estabelecidas, pela função poética criada por Jakobson, entre a análise da Estilística da Língua e da Estilística Literária?
· As concepções de Dâmaso Alonso se voltam mais para a Estilística Literária. Comente essa posição.