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 Metáfora da Poesia Potiguar









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Perfil Geral

 

Organograma

 

É a carta escrita 
com letras difíceis, 
posta num correio 
sem selo e censura. 

(Carlos Drummond de Andrade)

 

            De posse do poema de José Bezerra Gomes, que resume, de fato, a nossa realidade mais visível, traço aqui o perfil dos graduandos de Letras. O que se constrói, irmanados, em quatro anos de vida acadêmica comum? Uma avalanche de emoções que se misturam e se amalgamam em nós, de uma forma tão sutil, que quando nos damos conta, nossos rostos já nem são mais nossos, nossas vontades já nem são mais nossas, posto que encontramos, no meio do caminho, alguém inoportuno ou bem-vindo, alguém que nos fere ou nos acarinha, alguém que nos manda chutar o balde ou nos repreende.

            O melhor mesmo é pensar que não somos, simplesmente. Em matéria de transitividade, podemos apenas “estar sendo”. Daí a nossa dificuldade maior de definição. Somos, hoje, o emaranhado de tantos seres. E, quando daqui nos distanciarmos, pensaremos com Vinícius de Moraes:


Que importa se a distância estende entre nós léguas e léguas
Que importa se existe entre nós muitas montanhas?

O mesmo céu nos cobre

E a mesma terra liga nossos pés.

 

            Então, o que nos é certo: somos todos irmãos de sonhos e frustrações, de se e talvez. Estamos em estado permanente de reconstrução. O pré-socrático Heráclito (540 A.C ~480 A.C.) utilizou muito bem a metáfora do rio para definir a transitoriedade da vida: “ninguém pode banhar-se duas vezes no mesmo rio e mesmo as águas são diferentes no seu fluxo." 

            Diante dessas todas dificuldades de saber quem de fato somos, uma coisa é certa: somos humanos. Por isso, podemos nos valer de alguns trechos do poema de Thiago de Melo, “Os Estatutos dos Homens” para guiar um pouco as nossas inquietações individualistas e pensarmos mais coletivamente:

 

Artigo I 

Fica decretado que agora vale a verdade. 
agora vale a vida, 
e de mãos dadas, 
marcharemos todos pela vida verdadeira. 


Parágrafo único: 
Só uma coisa fica proibida: 
amar sem amor. 


Currais Novos, 08 de dezembro de 2010

Profa. Valdenides Cabral